Oficina "Mulheres, corpo e Comunicação"


Nos dias 21 e 22 de outubro, as estudantes da PUC-MG organizaram uma oficina, com o tema "Mulheres, Corpo e Comunicação". Em grupos, observamos várias revistas, principalmente aquelas “direcionadas” para as mulheres. A idéia era perceber como essas revistas pensam a mulher, qual a linguagem que elas utilizam e de que forma entendem seu corpo.

Pôde-se perceber o quanto essas revistas são reprodutoras de um padrão de beleza rígido e quase inatingível para as mulheres e o quanto as mesmas estão comprometidas na venda de produtos, seja nos anúncios ou no próprio interior dos artigos, que prometem alcançar esses padrões. Além disso, as revistas são bastante contraditórias – se por um lado dão destaque para as dietas milagrosas, por outro, reservam parte importante da revista para receitas incrementadas, que passam longe de qualquer dieta...

Essas revistas utilizam uma linguagem próxima, mas imperativa e acabam por funcionar como um manual para a mulher, dizendo como ela deve se comportar, o que deve vestir, como deve ganhar seu dinheiro, o que deve comer, como deve reagir em determinadas situações.

A partir dessa atividade foi possível perceber como o corpo e a vida das mulheres são mercantilizados – seu corpo é sempre tratado a serviço do outro e utilizado para vender tanto produtos de beleza como produtos ditos “masculinos”, como cerveja.

Nós mulheres, repudiamos essa lógica. O mundo não é mercadoria, as mulheres também não!

Mulheres em luta por uma vida sem violência!




O fato que aconteceu na Uniban, onde uma estudante foi agredida e ameaçada verbalmente por cerca de 700 colegas, é mais uma expressão da violência contra as mulheres. Como na maioria dos casos, buscou-se justificar o ocorrido pela roupa que a estudante utilizava. A tentativa de justificar o que não tem justificativa – a violência sexista – geralmente aponta que a mulher não se comportou como deveria, ou seja, provocou a violência.


As mulheres devem seguir regras de conduta e comportamento ideais, a partir de um padrão estético que nos condiciona a viver sob as rédeas da sociedade e dos homens. O modelo de feminilidade nos impõe essas regras e tem como característica a subordinação das mulheres aos homens. O machismo estrutura a sociedade e coloca as mulheres nesta situação de desigualdade e subordinação. As mulheres devem ser afetuosas, compreensivas, estarem impecáveis e, acima de tudo, disponíveis aos homens. Essa idéia de disponibilidade das mulheres contribui para naturalizar e banalizar a violência a que estamos expostas todos os dias, que se expressa em gracejos ofensivos e constrangedores, em ameaças e agressões físicas e verbais. A violência sexista é causada pelo machismo, que estabelece relações de poder que o conjunto dos homens exerce sobre as mulheres.



Nos manifestamos hoje para denunciar a violência sexista e a cumplicidade da Universidade frente a este caso. A decisão da Uniban de expulsar a estudante contribui para banalizar, estimular e justificar a violência sexista dentro na universidade e fora dela. Ao expulsar a estudante, a universidade transformou a vítima em ré, colocando sobre ela a responsabilidade da violência que sofreu. Uma instituição de ensino deveria ter uma postura diferente: tratar o caso, punir os agressores e acolher a vítima. Ao contrário, a comissão de sindicância aberta pela universidade puniu a vítima. Este não é o primeiro caso de violência contra a mulher na Uniban. Também não é um acontecimento isolado. Pelo contrário, a violência sexista é freqüente nas universidades de todo o Brasil.


As mulheres têm o direito a uma vida livre de violência! As mulheres têm o direito de serem respeitadas em seus ambientes de estudo e trabalho, e de serem reconhecidas e valorizadas como sujeitos que pensam e produzem conhecimento, não apenas como corpos a disposição dos outros.



Somos mulheres e não mercadoria!
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres.


União Nacional dos Estudantes
Marcha Mundial das Mulheres

Nota de repúdio à Semana da Mulher, organizada pelo DCE PUC Minas


O Coletivo de Mulheres da PUC Minas vem a público repudiar as atividades da “Semana da Mulher” organizadas pela gestão do DCE “Voz dos Estudantes”. De 16 a 18 de novembro acontecem no campus Coração Eucarístico da PUC Minas oficinas de moda, beleza e emagrecimento destinadas, principalmente, às mulheres estudantes e patrocinadas por empresas de cosméticos, salões de beleza, academias entre outros.

Essa iniciativa reforça a imposição de padrões de beleza e de comportamento às mulheres, tolhendo sua autonomia, desrespeitando sua diversidade e tratando o corpo e vida das mulheres como mercadoria.

Sabemos que são esses padrões, estimulados por atividades como essa, que reforçam o uso indiscriminado de remédios para emagrecer, o grande número de cirurgias plásticas e as doenças relacionadas a distúrbios alimentares.

Por outro lado as empresas farmacêuticas e cosméticas lucram cada dia mais com a reprodução desses padrões e ajudam a colocar as mulheres em situação de permanente insegurança com relação ao seu próprio corpo.

O DCE deveria ser a entidade que promove o debate sobre essas questões e luta pelo combate a todo o tipo de opressão e não que constrói atividades patrocinadas por empresas, com intuito de fazer propaganda, que reproduz imagens estereotipadas das mulheres e reforça um movimento estudantil acrítico e descompromissado.


Assinado
Coletivo de Mulheres PUC Minas
Marcha Mundial das Mulheres
União Estadual dos Estudantes de
Minas Gerais (UEE-MG)

Mulheres em todos os espaços


Ao longo dos anos as mulheres estudantes vêm se organizando no combate às opressões de gênero no interior do movimento estudantil. Não raramente nos deparamos com diversas situações de machismo nesse espaço. As mulheres assumem tarefas operacionais enquanto os homens as tarefas estratégicas, as falas são monopolizadas pelos mesmos e as mulheres, muitas vezes, são desqualificadas por estarem num espaço ainda dominado por relações sociais desiguais, em que a esfera política como esfera pública – dos direitos, da produção, da cidadania – é ainda reservada ao masculino.

Nesse contexto as mulheres que compõe as entidades de representação estudantil lutam para que, através da auto-organização e da formação de uma identidade coletiva feminista, atinja ganhos concretos para a vida das mulheres. Bandeiras como creches nas universidades, fim do machismo nas calouradas e encontros de cursos, educação não-sexista, fim da mercantilização do corpo e da vida das mulheres são parte essencial da agenda de lutas dos e das estudantes.

A nova diretoria da União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais tomará posse no início de setembro e a mesa diretora será composta apenas por mulheres. Essa realidade, infelizmente não muito recorrente na história da entidade, marca a centralidade da luta feminista no movimento estudantil estadual e inaugura uma fase da UEE mais ampla, democrática e representativa.

É com essa tônica que a nova diretoria se prepara para uma agenda de lutas que, além da pauta feminista, defenda uma educação ampla e de qualidade no Estado, que lute para efetiva reserva de vagas para negros (as) e indígenas nas universidades públicas, por assistência estudantil a todos e todas, pela regulamentação das instituições de ensino privado e por um projeto democrático popular para Minas Gerais.

A UEE é um instrumento importante no aprofundamento das mudanças que ocorrem no país. Para isso ela precisa estar presente no cotidiano dos e das estudantes do estado. Deve ainda formular uma plataforma política alternativa, de caráter democrático e popular e que defenda um projeto de universidade estadual.

Clarisse Goulart
Secretária-Geral UEE-MG

Roda de Conversa "Mulheres Transformando a Universidade"



Nos dias 23 e 24 de setembro as estudantes da PUC MG organizaram uma roda de conversa com o tema "Mulheres transformando a Universidade".

A convidada Dehonara Silveira, assistente social da maternidade Odete Valadares e militante da Marcha Mundial das Mulheres, contribuiu para expor os elementos em que se baseam a opressão contra as mulheres e como eles se articulam.

Indentificou-se o patriarcado e o capitalismo como produtores e reprodutores do machismo.O patriarcado, como os valores, estruturas sociais, formas de ver o mundo que são calcadas nas relações de poder e na invisibilidade das mulheres e o capitalismo que sustenta e é sustentado pelo machismo, que invisibiliza o trabalho das mulheres, domestica as formas de prazer e de viver sua sexualidade, mercantiliza sua vida e seu corpo.
Refletimos sobre como é ser mulher para nós mesmas e como a universidade é um espaço que também reproduz a lógica machista e opressora.

Fora machismo da Universidade!!